Líderes acusam gestão de Zezinho Oliveira de definir prazos inviáveis e criar barreiras burocráticas para deslegitimar mobilização em defesa do Terreiro Tuntun Olukotun, fundado em 1850.

Por Gilsimara Cardoso

Reunião no Terreiro Tuntun Olukotun, 04/09/2025 – Foto: Gilsimara Cardoso

Na última terça-feira (9), líderes de terreiros de Itaparica enfrentaram dificuldades para protocolar a ata com assinaturas das comunidades tradicionais contra a construção de um empreendimento do programa “Minha Casa, Minha Vida” no entorno do Terreiro Tuntun Olukotun, considerado território sagrado e fundado em 1850, um dos mais antigos do Brasil.

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Em reunião no último dia 04 de setembro, o prefeito Zezinho Oliveira havia estabelecido que o documento deveria ser entregue até 8 de setembro, dois dias antes da assinatura do contrato com a Caixa Econômica Federal. Porém, a data coincidiu com feriado municipal, quando todos os órgãos estavam fechados. Zezinho Oliveira afirmou ainda que a data-limite para cancelamento do contrato seria 10 de setembro. Os povos de terreiro escolheram a líder religiosa Eliana Falayo como interlocutora do processo.

Gilson Mendes – Foto: Eliana Falayo

De acordo com Eliana Falayo, na tentativa de cumprir o prazo, ela e Gilson Mendes ( líder religioso) buscaram diferentes setores da prefeitura na terça (9), mas encontraram dificuldades. “Durante a reunião com a gestão municipal, o prefeito afirmou que, caso não recebesse a ata das comunidades tradicionais até o dia 8 de setembro, interpretaria essa ausência como um sinal de concordância com o empreendimento. Essa colocação revela uma postura de má-fé, pois ignora o contexto real: o dia 8 de setembro é feriado municipal, o que inviabilizou a entrega do documento dentro do prazo estipulado”, afirmou Eliana.

Terreiro Tuntun Olukotun – Foto: Gilsimara Cardoso

Ela relatou ainda episódios de recusa e manobras administrativas para inviabilizar o protocolo. “O documento foi inicialmente recebido pela Secretaria de Assistência Social, mas, após o protocolo, uma ligação orientou para que ele não fosse aceito. As servidoras então usaram corretivo para invalidar o recebimento e devolveram o documento para Gilson. Como não houve alinhamento com a Secretaria de Educação, esta chegou a receber o documento”. Relata Eliana.

Terreiro Tuntun Olukotun – Foto: Gilsimara Cardoso

Para Eliana, os fatos evidenciam uma tentativa de deslegitimar a mobilização, “a exigência de entrega em um dia sabidamente impraticável, seguida pelo fechamento do protocolo no dia seguinte e pela recusa formal do documento, evidencia uma estratégia que desconsidera o direito à livre organização das comunidades tradicionais e tenta inverter a narrativa, atribuindo à ausência de protocolo uma falsa anuência ao projeto. Reafirmamos que não há consentimento para qualquer empreendimento que ameace nossos territórios, e que a resistência das comunidades é legítima, organizada e contínua”.

O Jornal Atualize entrou em contato com a assessoria de comunicação da Prefeitura de Itaparica para saber sobre o posicionamento da gestão, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria.

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