Evento reuniu famílias e destacou desafios diários enfrentados por quem convive com o Transtorno do Espectro Autista – TEA

Por Gilsimara Cardoso

Foto: Gilsimara Cardoso

Neste domingo (27), Mar Grande se encheu de emoção com a Caminhada pelo Autismo, que levou cerca de 100 pessoas às ruas da região central até a Orla. Em cada passo, os participantes carregavam a esperança de um futuro com mais compreensão, respeito e apoio para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Foto: Giraya Borges

O autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento que afeta a comunicação, o comportamento e a interação social, e estima-se que no Brasil uma a cada 36 crianças esteja dentro do espectro, segundo dados recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Apesar dos avanços, o diagnóstico precoce e o acesso a terapias especializadas ainda são grandes desafios para muitas famílias.

Maria Renilda na 2ª Caminhada de Conscientização do Autismo – Foto: Gilsimara Cardoso

A realidade de quem convive com o autismo foi trazida à tona através de histórias como a de Maria Renilda, que enfrentou meses de incertezas até conseguir um diagnóstico adequado para o filho dela, “no início sim, enfrentei dificuldades, mas aí depois de uns meses, com o conhecimento de algumas pessoas, graças a Deus a gente conseguiu uma neurologista que de fato deu um relatório satisfatório para que a gente pudesse ter esse diagnóstico dele, de autista.”

As palavras de Maria revelam o alívio e a fé de uma mãe que, após meses de espera, finalmente obteve um laudo médico para o filho.

Josete Conceição na 2ª Caminhada de Conscientização do Autismo – Foto: Gilsimara Cardoso

Josete Conceição também compartilhou a trajetória dela em busca de um diagnóstico, “eu fiquei mais de um ano a procura de um neuropediatra para ele, e quando eu consegui foi em Salvador, hoje ele está em investigação no TEA.” Josete destacou que só conseguiu atendimento especializado após se deslocar até Salvador, onde o filho segue em investigação do TEA. Ela acrescenta que hoje conta com o apoio do poder público de Vera Cruz para viabilizar o acompanhamento em Salvador, um suporte essencial neste momento.

Margherita Cuccovia – Foto: Acervo pessoal

A psiquiatra e diretora do Centro Ann Sullivan do BrasiL, Margherita Cuccovia, destaca a importância do diagnóstico precoce para crianças com suspeita de Transtorno do Espectro Autista (TEA). Segundo ela, a identificação antecipada é fundamental para o desenvolvimento emocional, comportamental e social dos pequenos. “O diagnóstico precoce é sempre importante, porque a criança vai ter um desenvolvimento melhor do que se for diagnosticada tardiamente. Muitas vezes temos crianças que ainda não têm o diagnóstico firmado, mas a qualquer sinal é muito importante que elas recebam uma estimulação adequada”, afirmou Margherita.

A especialista alertou ainda que a demora no reconhecimento da condição pode prejudicar significativamente o progresso da criança. Margherita também ressaltou que o diagnóstico correto contribui para a aceitação social da pessoa com TEA, favorecendo a interação dela no ambiente coletivo. “A conscientização do paciente sobre a própria condição é importante para a socialização e aceitação pelo senso comum”. Segundo ela, quanto mais cedo houver informação e estímulo, maiores são as chances de inclusão e qualidade de vida para a pessoa com autismo.

Rosana Sousa na 2ª Caminhada de Conscientização do Autismo – Foto: Gilsimara Cardoso

O número de participantes neste ano foi menor que no ano passado, o que, segundo a organizadora da Caminhada, Rosana Sousa, há uma necessidade de mais conscientização. Ela destacou a importância de manter o foco na causa. “A caminhada é pela vida de nossos filhos, não é política, não é sobre partidos. Precisamos nos unir e apoiar uns aos outros”. Rosana também relatou dificuldades na organização do evento: embora a Prefeitura Municipal de Vera Cruz tenha contribuído com água e lanches, a ambulância solicitada, essencial para garantir a segurança dos participantes, não compareceu.

Foto: Giraya Borges

A 2ª Caminhada de Conscientização do Autismo em Vera Cruz, foi mais que um evento: Foi um grito por respeito, pela aceitação sem julgamentos e por um mundo onde cada criança autista possa ser acolhida como merece, com amor, dignidade e esperança.

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