Documentário revela memória e resistência do povo Tupinambá de Olivença

Por Gilsimara Cardoso

Bastidores da gravação do documentário – Foto: Arivaldo Publio

Estreia na próxima sexta, 25, o documentário “Caminhada Tupinambá“, no Museu de Arte Contemporânea da Bahia, ás 18h30, com entrada gratuita. Uma produção potente e sensível que mergulha na história e na luta contemporânea do povo Tupinambá.

Foto/Divulgação

Com direção geral da Cacique Valdelice Amaral, a Cacique Jamopoty e co-direção de Maurício Galvão (Rede Amo), Arivaldo Publio (Ser Tão Filmes) e Jade Lobo, o filme lança um olhar profundo sobre a maior manifestação indígena da Bahia, marcada por rituais, ancestralidade e afirmação de direitos.

Arivaldo Publio – Foto: Wilker Calmon

A convivência direta com os moradores permitiu registrar com sensibilidade a realidade local. A imersão na aldeia, vivendo por alguns dias na casa da cacique, foi decisiva para a construção do documentário, segundo Arivaldo Publio, um dos co-diretores do filme, “passei o dia inteiro realizando atividades na aldeia, conversando com as pessoas, muitas vezes até sem a câmera. Isso me aproximou das fontes e facilitou não só a produção audiovisual, mas também minha experiência pessoal”, destacou Arivaldo.

Foto: Arivaldo Publio

Gravado na Aldeia Itapuã, no sul da Bahia, e também no Rio de Janeiro, durante a recepção do manto, o filme propõe uma verdadeira imersão no cotidiano, nas lutas e nos saberes dos Tupinambá. Além das exibições em festivais e plataformas digitais, o projeto também prevê sessões comunitárias acompanhadas de oficinas de formação audiovisual voltadas para jovens indígenas, uma ação que fortalece a autonomia narrativa dos povos originários.

A Cacique Valdelice na gravação do documentário – Foto: Arivaldo Publio

O filme revisita o massacre de 1559, considerado um dos mais violentos das Américas, liderado por Mem de Sá, então governador-geral do Brasil, o ataque foi realizado durante uma expedição de Salvador até Olivença, no sul da Bahia. Centenas de indígenas Tupinambá e Tupiniquim foram mortos às margens do Rio Cururupe, nas proximidades de Ilhéus. Uma conexão do passado doloroso à luta atual pelo reconhecimento territorial.

Um dos momentos centrais do documentário é a chegada ao Brasil do Manto Tupinambá, peça sagrada que simboliza a reconexão espiritual e política com os ancestrais do povo.

Cacique Valdelice – Foto: Arivaldo Publio

A Cacique Valdelice, figura histórica como a primeira mulher cacique do Nordeste e como liderança de 13 aldeias, ressalta a importância desse registro audiovisual construído pelo próprio povo indígena, “Não queremos só lembrar o passado. Queremos garantir que ele seja contado com verdade e respeito. Caminhar é afirmar que existimos”,

Foto: Arivaldo Publio

O documentário se propõe como um manifesto audiovisual em defesa da escuta, da empatia e da valorização dos povos originários do Brasil. Com pesquisa assinada por Jade Alcântara Lôbo, doutoranda da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e pesquisadora com passagem por Harvard.

O filme será exibido em festivais, sessões comunitárias e oficinas com jovens indígenas.

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