Apesar de ser símbolo da cultura nordestina, o forró ainda enfrenta dificuldades para ocupar espaço fora do período junino e luta por valorização ao longo do ano.
Por Gilsimara Cardoso

Banda Forró do Fiu – Foto: Mariza Paixão
O forró é, sem dúvidas, um dos maiores patrimônios culturais do Nordeste brasileiro. Mesmo assim, fora do calendário junino, o gênero ainda luta por espaço nas mídias e na programação de eventos ao longo do ano. Essa é a realidade vivida por muitos artistas que carregam no peito e na sanfona a missão de manter viva essa tradição, como é o caso de Tinho Mascarenhas, fundador da banda Forró do Fiu, de Conceição do Coité, interior da Bahia.

Tinho Mascarenhas , produtor da Banda Forró do Fiu – Foto: Mariza Paixão
Com raízes no autêntico forró pé-de-serra, Tinho se inspira em ícones como Luiz Gonzaga, Trio Nordestino, Jackson do Pandeiro e Elba Ramalho. Desde meados de 2010, ele vem trabalhando para resgatar e fortalecer o gênero, mesmo diante dos desafios impostos pela indústria musical atual.
A trajetória começou nos barzinhos de sua cidade natal, onde sua voz – semelhante à do ícone Adelmário Coelho – chamou a atenção e o levou a integrar a banda soteropolitana Chinela de Couro. Depois de um tempo em Salvador, decidiu investir em um projeto autoral, criando a Forró do Fiu – O forró diferente. Desde então, a banda passou por mudanças, ganhou nova identidade visual e novos integrantes, mas sem nunca perder a essência nordestina.

Vocalista Marula da Banda Forró do Fiu – Foto: Mariza Paixão
Hoje, o vocal é comandado pelo cantor Marula, enquanto Tinho assumiu os bastidores como empresário e produtor musical. “Atualmente, a banda se apresenta apenas nos festejos e festivais juninos, mas pretende, sim, levar o show para o ano todo. Afinal, forró é o ano todo!”, reforça Tinho.
Apesar da paixão e dedicação, a realidade é dura. A desvalorização do músico de forró é sentida diariamente. “Infelizmente, temos a desvalorização pela entrada de outros gêneros com culturas diferentes. É injusto dizer que o forró, com recursos limitados, consiga competir com sertanejo ou arrocha, que possuem estruturas mais abrangentes”, afirma.

Banda Forró do Fiu – Foto: Mariza Paixão
Para além da música, Tinho é também funcionário público e produtor musical. Nos meses em que o forró “sai das mídias”, ele continua trabalhando com gravações e colaborações com outros artistas. Mas a missão cultural não se apaga. Ele acredita que a solução para a valorização do forró passa pela educação cultural: “Precisamos de eventos que cativem o público jovem e veterano. Mais oficinas, mais palestras sobre a nossa cultura, incentivo público e privado para projetos culturais voltados ao São João e às nossas raízes nordestinas.” Reforça Tinho.
O Forró do Fiu já disponibilizou um novo EP nas redes sociais, mantendo acesa a chama do ritmo que embala corações e histórias no Nordeste. Porque, como Tinho bem resume, “forró é cultura, é literatura pura nos xotes e baiões. E precisa ser celebrado o ano inteiro.”
Reportagem linda e bem especifica. Grato demais a esta guerreira- profissional impar .Muita luz e prosperidade pra você
neste empreendimento jornalístico.