Vale do Capão de bicicleta, o primeiro encontro de famílias cicloviajantes no Brasil.

Por Nazareth Reales

Turistas na Cachoeira da Fumaça – Foto: Acervo Pessoal

No coração da Chapada Diamantina, entre montanhas, rios e cachoeiras, o Vale do Capão se ergue como um refúgio onde natureza e espiritualidade convivem em harmonia. Até aqui chegou nossa travessia de bicicleta, que não buscava apenas paisagens, mas também encontros que deixam marcas na memória.

Mirante Vale do Capão – Foto: Andrés Noronâ

A primeira impressão foi a de um lugar vibrante, com ruas de tijolo, aromas de comida caseira e um comércio local muito particular: o esotérico e o espiritual parecem ser o pulso central do vale. Lojas de produtos orgânicos, terapias alternativas e pequenos centros de arte convivem com um circo que funciona permanentemente, onde viajantes podem tanto aprender quanto se encantar com apresentações cheias de cor e magia. O Capão, mais do que um destino, se sente como um ponto de convergência para quem acredita em um estilo de vida diferente, mais humano e conectado.

Cachoeira da Fumaça, Vale do Capão de bicicleta- Foto: Nazareth Reales

O esforço das estradas de terra se transformou em recompensa quando alcançamos a Cachoeira da Fumaça, após uma caminhada de 5 km. A água, ao cair de tão alto, parecia nos lembrar de como somos pequenos diante da magnitude da natureza, e ao mesmo tempo, de quão fortes podemos ser quando avançamos em família. Outro lugar inesquecível foi o Poço dos Patos, cujas águas cristalinas ofereceram um respiro, um espaço de brincadeira e contemplação.

Vale do Capão de bicicleta – Foto: Nazareth Reales

O mais especial deste capítulo não esteve nas paisagens, e sim nas pessoas. Nesse contexto, no vale aconteceu o primeiro encontro de famílias cicloviajantes no Brasil. Além disso, da Colômbia chegaram Sebastián e Elizabeth com o filho deles, Karim, de 8 anos; eles viajam há mais de 6 anos pela América do Sul. Da mesma forma, Lina chegou com Adrián, de 10 anos, que viajam há mais de 9 anos pelo continente. Juntamente com nossa família, os Bikeagle, compartilhamos dias de convivência nos quais brincadeiras infantis, risadas e relatos de viagem se tornaram os protagonistas.

Vale do Capão de bicicleta – Foto: Nazareth Reales

Em torno de uma mesa com comida típica, entendemos que viajar de bicicleta não é apenas se deslocar de um lugar a outro: é tecer comunidade, aprender com os outros e crescer juntos. O encontro se enriqueceu com a hospitalidade de Soraya e Alex, donos do Salac, e com a alegria de Ísis, amiga do Capão, que somaram calor humano a cada momento.

Assista aqui, um pouco mais sobre a nossa viagem:

Assim, entre pedaladas, caminhadas e conversas, reafirmamos uma certeza: a bicicleta não é apenas um meio de transporte, é uma ponte. Uma ponte para a natureza, para a família e para os outros. Uma ponte para um mundo mais humano, mais sustentável e mais livre.

Crianças cicloviajantes, Vale do Capão de bicicleta – Foto: Nazareth Reales

O Capão nos lembrou que as viagens se tornam memoráveis não apenas pelo que se vê, mas pelo que se compartilha. Hoje, mais famílias pedalam pelo mundo, levando consigo amor, aprendizados e liberdade. E talvez essa seja a verdadeira magia deste caminho: descobrir que a vida, quando vivida em movimento, se multiplica em sorrisos e em comunidade.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *