Ação ambiental e envolvimento da comunidade, a primeira etapa do circuito de surf marca um novo momento para a Ilha de Itaparica
Por Oni Sampaio

Foto: Deusdélia Andrade
Nos dias 12 e 13 de julho, a comunidade de Barra Grande, na Ilha de Itaparica, foi palco da abertura da 6ª edição do Campeonato de Surf de Vera Cruz – BA 2025, com a realização do Circuito Boca da Barra, a primeira das três etapas previstas no calendário deste ano.

Reunião com jurados e surfistas – Foto: Oni Sampaio
O evento reuniu 24 atletas, entre amadores e profissionais, sob avaliação de cinco jurados convidados. Com estrutura em alto-mar, sobre os recifes da região, os competidores encararam ventos fortes, correntezas e uma maré exigente. Pescadores locais cederam barcos para transportar os atletas e a equipe técnica, reforçando o apoio comunitário à realização da etapa.

Afonso passando parafina na prancha – Foto: Gilsimara Cardoso
O destaque da etapa foi o surfista local Afonso Santana, que conquistou o 1º lugar e lidera o ranking geral, completaram o pódio ficando em 2º lugar Lourenço Veiga, 3º lugar Marcus Vinícius e em 4º lugar Kevin Klaus.
Afonso também comentou o impacto do campeonato na trajetória dele, “ganhar esse evento foi incrível. O surf é uma paixão da minha vida. Quero continuar me divertindo, competindo, e espero que o surf em Vera Cruz cresça ainda mais, sendo exemplo para as próximas gerações.” Conclui Afonso.
Imagens: Deusdélia Andrade / Oni Sampaio/ @veracruzsurfparadise
Afonso Santana, fotógrafo, mostrou que sabe dominar as ondas com a mesma maestria que domina as lentes, mesmo com o clima típico de inverno, ventos fortes, mar agitado e temperaturas mais baixas. “Foi muito especial conquistar essa vitória logo na primeira etapa. Eu estava confiante, mas as condições estavam difíceis, com vento e correnteza forte. Felizmente, Barra Grande me proporcionou boas ondas para manobras. A próxima etapa é no meu quintal, onde aprendi a surfar e treino até hoje. O evento foi irado, principalmente por acontecer em um recife, com os competidores e juízes todos em barcos. Isso é uma baita conexão com a natureza. E além da competição, teve a união da galera, limpeza de praia, movimentação da comunidade… Foi uma experiência completa.” Relata Afonso.

Barcos dos juízes e surfistas – Foto: Oni Sampaio
Para o surfista e cinegrafista local Leonardo Otávio, do perfil @veracruzsurfparadise, o campeonato representa mais que uma competição: “Sim, fortalece e muito. A comunidade já está olhando o surf na Ilha com outros olhos. Já não existe mais aquele pensamento retrógrado de que surfista só está na praia sem compromisso. O surf é novo no Brasil, tem cerca de 60 anos, mas só depois da vitória de Gabriel Medina em 2014 é que o esporte ganhou visibilidade. Hoje temos escolinhas, gente de todos os gêneros e classes sociais participando. Aqui na Ilha está crescendo, e esses eventos ajudam muito nisso.” Ressalta Leonardo.
Compromisso ambiental e vivência comunitária.

Crianças limpando a praia – Foto: Oni Sampaio
No domingo, 13 de julho, estava prevista uma aula especial para as crianças com os surfistas locais e um mutirão de limpeza na Praia de Acapulco, que também fez parte da programação. Devido ao tempo chuvoso e ventos intensos, a atividade com os surfistas mirins foi adiada. Ainda assim, a limpeza ambiental foi mantida com apoio de todos.

Pausa para o almoço – Foto: Oni Sampaio
Após o mutirão, a comunidade participou de um almoço coletivo com feijoada e churrasco, encerrando o evento com uma confraternização. A sorveteria “Tô em Kito” ofereceu açaí e sorvetes artesanais como sobremesa.

”Tô em Kito” – Foto: Oni Sampaio
O organizador da etapa, Valnei Azevedo da Associação de Surf de Vera Cruz -ASVC- destacou a importância da ação ambiental e o espírito de resistência dos atletas. “Foi como eu esperava, e até mais. Mesmo com chuva e vento, todos estavam lá, prontos para pegar onda. No inverno é assim mesmo. O evento foi um sucesso, e o mutirão de limpeza foi mais uma conexão entre os surfistas e o público. Aqui, quem surfa também se preocupa com o meio ambiente.” Afirma.
No entanto, ele reforça os desafios enfrentados, “O maior obstáculo ainda é a falta de apoio. Contamos com poucos patrocinadores e apoiadores para que tudo isso aconteça. Mas seguimos firmes com o objetivo de movimentar o circuito e fortalecer o surf na ilha.” Explica Valnei

banner oficial – Foto: Leonardo Otávio
o circuito de surf segue com a 2ª etapa prevista para setembro na Praia da Penha e a 3ª etapa, na Praia do Acapulco, com data a ser divulgada. As inscrições seguem abertas e cada etapa oferece premiação em dinheiro e brindes para os três primeiros colocados. Ao final do circuito, o surfista local com maior pontuação ganhará uma prancha nova como prêmio especial. O projeto vem se consolidando como uma importante iniciativa esportiva, social e ambiental na Ilha de Itaparica.
Que espetáculo! Muito bom ver esse engajamento entre um esporte como o surf , a conscientização dos aspectos ambientais e o enaltecimento da cultura local. Perfeito! Que venham outros eventos na ilha com o mesmo espírito.