Eles partiram de Ibagué, na Colômbia, em 1º de junho e desde então constroem uma jornada de valores e afetos pelo Brasil.

Por Gilsimara Cardoso

Foto: Gilsimara Cardoso

Uma jornada de coragem, afeto e resistência tem chamado atenção nas estradas brasileiras. A professora de educação física Nazareth Reales Aguilar, ao lado do marido Andres Noreña, do filho Thomas, de apenas 4 anos, e do cachorro Polar, um cão branco, simpático e companheiro, está percorrendo o Brasil de bicicleta. A aventura teve início no dia 1º de junho de 2024, em Ibagué, no departamento de Tolima, na Colômbia. De lá, a família atravessou a Venezuela e entrou no Brasil pelo estado de Roraima, no dia 14 de julho.

Foto: Gilsimara Cardoso

O objetivo principal do casal era participar do Fórum Mundial da Bicicleta, realizado em Brasília. Para isso, Andres construiu duas bicicletas adaptadas que permitem que a família viaje unida, com segurança e conforto. Desde então, o que seria uma travessia para um evento se transformou em uma verdadeira missão de vida.

Foto: Nazareth Reales

Durante a jornada, eles pedalam entre 30 a 50 quilômetros por dia. A rotina é bem planejada. O casal sempre inicia o percurso pela manhã e, após o almoço, evita seguir viagem para não pedalar à noite, garantindo a segurança da família.

Um dos trechos mais complicados da jornada foi no Mato Grosso, marcado pelo tráfego intenso de caminhões e rodovias sem acostamento. Outro momento delicado foi o percurso entre Minas Gerais e Vitória da Conquista, na Bahia, com longas distâncias e trechos com pouca infraestrutura.

Família mineira de Montes Claros – Foto: Acervo Pessoal

Mas foram justamente as adversidades que trouxeram experiências marcantes. Em Minas Gerais, a família foi acolhida com carinho por Laurinha e Quico, um casal de Montes Claros, que os recebeu em sua casa e tornou a passagem por ali inesquecível. “A experiência em Minas Gerais foi maravilhosa”, relembra Nazareth. Além do acolhimento afetuoso, a culinária mineira encantou a família e virou destaque entre as memórias da viagem.

Foto: Gilsimara Cardoso

O pequeno Thomas, de apenas 4 anos, está crescendo e aprendendo na estrada. A educação dele é realizada pelos próprios pais, de forma prática e integrada ao cotidiano. “Como sou professora, conseguimos adaptar a rotina pedagógica dele à nossa realidade. Ele está conhecendo o Brasil na prática, convivendo com diferentes culturas e aprendendo a respeitar a diversidade desde pequeno”, relata Nazareth.

Para a família, a estrada também é uma forma de preparar o filho para o futuro,” estamos dando as melhores ferramentas para quando ele decida seguir a própria vida, Thomas é um menino alegre, inteligente e curioso. Todos os dias aprende mais do idioma português, convivendo com pessoas de diferentes estados e realidades“. Completa Nazareth.

Foto: Gilsimara Cardoso


Já Andres, e aqui faço questão de destacar como autora desta matéria é uma pessoa proativa e incansável. A cada instante, vejo como ele encontra soluções para consertar o que se quebra e aproveitar resíduos sólidos, considerado por algumas pessoas como lixo, seja uma peça da bicicleta, um suporte improvisado ou um detalhe da logística diária. É o tipo de pessoa que transforma dificuldade em solução, sempre com calma e criatividade.

No início da viagem, Thomas pedalava cerca de 5 km por dia, e o restante do trajeto era feito com o apoio dos pais. Agora, segundo Nazareth, “ele já quer pedalar o tempo todo”. E apesar das incertezas iniciais, a família hoje recebe apoio e carinho por onde passa. “O fato de sermos uma família viajando de bicicleta desperta empatia e acolhimento”, afirma Andres.

Foto: Nazareth Reales

Atualmente, a família está no estado da Bahia, na comunidade de Tairu, município de Vera Cruz, na Ilha de Itaparica, onde permanecem conosco. Gostaram especialmente da travessia de Ferry Boat e da beleza natural da região. Um dos momentos marcantes dessa passagem foi o apoio recebido do Mercadão Supermercado, localizado em Vera Cruz, que patrocinou a alimentação da família durante a estadia e ofereceu um atendimento especial. “Esse tipo de acolhimento faz toda a diferença na estrada”, agradece Nazareth.

Foto: Andres Noroña

Para Polar também teve doações, a casa de ração Laticínios da Ilha garantiu a alimentação do pequeno e animado cãozinho que carrega no olhar a felicidade de pertencer a essa família. Nazareth comentou com felicidade no olhar o apoio da população de Vera Cruz, “tivemos boas experiências aqui, íamos comprar a ração e eles nos ofereceram como presente, as pessoas daqui são bem receptivas, temos gratidão.”

Foto: Gilsimara Cardoso

A fantástica família traz consigo tudo aquilo que, no fundo, buscamos: alegria, afeto, amor e companheirismo. Cada parada deixa memórias, e a viagem também é contada pelos objetos simples que carregam na bagagem, como uma garrafa térmica recebida em Lauro de Freitas (BA).“Ganhamos essa garrafa no restaurante quando a dona nos ofereceu um café e não tínhamos como levar. Então ela nos deu o café com a garrafa”, conta Andres com gratidão.

Foto: Gilsimara Cardoso

A trajetória dessa família não tem servido apenas para conhecer lugares e pessoas. Ela cumpre também um papel inspirador: mostrar a outras famílias o que realmente importa na vida. Em cada parada, em cada conversa, a mensagem é clara, o tempo é precioso demais para ser desperdiçado longe de quem amamos.
Na simplicidade da bagagem e na leveza da convivência, eles ensinam que é possível viver com menos, mas com mais sentido.

Foto: Gilsimara Cardoso

E aqui faço uma pausa pessoal.
Escrever esta matéria sem me colocar nela é quase impossível. Durante a estadia da família aqui em Vera Cruz, compartilho meu lar com eles. E, mesmo sendo a autora deste texto, não consigo ser imparcial diante de tantos benefícios que eles trazem para dentro da minha casa.

Foto: Gilsimara Cardoso

As músicas, as histórias, a parceria nos serviços domésticos, a alegria, a leveza do dia a dia, a disposição de Andres para consertar o que eu imaginava que não teria conserto. O café da manhã com bananas e ovos preparados com tanto capricho por Nazareth, os almoços em família, o aprendizado do idioma espanhol ao vivo, no convívio.

Andres consertou muitas coisas no meu lar, até o cubo mágico do meu filho, e ainda ensinou a técnica de como resolvê-lo.
A convivência com eles é um presente que não se empacota e não se esquece.

Foto: Oni Sampaio

Já estou imaginando o dia que eles irão embora, porque já estou sentindo saudades e também preocupações com eles, pois são pessoas que a gente gostaria que estivesse sempre ao nosso lado.

O Jornal Atualize segue acompanhando com o coração aberto essa jornada, e deixa aqui não apenas uma reportagem, mas também um registro de gratidão.

2 Responses

  1. Admirable mi familia de sangre y me siento muy orgullosa de mi sobrina y familia ya que están dejando huella por cada región que visitan y lo más lindo es que son huellas 👣 🐾 de amor,cordialidad,honradez y trabajo en equipo y eso es de alegría para nosotros como familia .Dios los bendiga en su travesía

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