Identificada como Cassiopea andromeda, espécie se espalha pela Praia do Brasileiro, em Itaparica, causa queimaduras e acende alerta ambiental na região.

Por Gilsimara Cardoso

Invasão Invisível: Água-viva exótica do Mar Vermelho ameaça ecossistema na Ilha de Itaparica

Água-viva – Cassiopea andromeda, na Praia do Brasileiro em Itaparica – Foto: Luzia Brito

No último dia 18 de março, uma descoberta recente acendeu o alerta entre moradores, banhistas e especialistas ambientais na Ilha de Itaparica. Uma espécie exótica de água-viva, a Cassiopea andromeda, originária do Mar Vermelho, foi vista na Praia do Brasileiro, em frente ao Instituto Sacatar, em Itaparica. O episódio preocupa moradores pela ameaça à saúde pública e o risco de desequilíbrio ecológico.

A turismóloga e educadora Luzia Brito – Foto: Lilian Meirelles

A turismóloga e educadora Luzia Brito, responsável pela descoberta, relatou que foi levemente queimada enquanto coletava amostras da espécie. “É um verdadeiro tapete de medusas, de diversos tamanhos. Elas estão se reproduzindo rapidamente por causa da temperatura da água. A situação é ainda mais perigosa porque a água é escura, e os banhistas podem não perceber a presença delas, principalmente na maré cheia”, alertou Luzia.

A presença da espécie acende o sinal vermelho: além dos riscos diretos aos banhistas, especialistas temem impactos sérios no ecossistema marinho da região. Por ser exótica, a Cassiopea andromeda não possui predadores naturais no local e pode comprometer a biodiversidade ao competir com espécies nativas por espaço e alimento.

Água – Viva – Cassiopea andromeda, na Praia do Brasileiro em Itaparica – Foto: Luzia Brito

O que dizem os especialistas e autoridades ?

Pesquisadores associam a proliferação da espécie ao aumento da temperatura da água um dos efeitos mais visíveis das mudanças climáticas. A bióloga Mariana Santos, explica que a Cassiopea andromeda foi identificada no Brasil em 1999 pelo CEBIMar/USP, é uma espécie exótica do filo Cnidaria que preocupa pela rápida reprodução e ausência de predadores naturais. ” Em seu ciclo de vida, alterna entre a forma séssil (pólipo), semelhante aos corais, e a forma medusoide, conhecida como água-viva, que é livre e responsável pelos acidentes com queimaduras. A presença delas pode causar desequilíbrios ecológicos graves devido à facilidade de formar grandes populações, pela ausência de predadores. “Alerta Mariana.

Água-Viva – Cassiopea andromeda, na Praia do Brasileiro em Itaparica – Foto: Luzia Brito

O secretário do Meio Ambiente, Sérgio Pitta, esclarece que há uma equipe, envolvendo a Universidade Federal da Bahia (UFBA) e o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (INEMA), acompanhando a presença do coral bioinvasor na Baía de Todos os Santos. Com relação a prevenção de acidentes, de acordo com o secretário, a praia em questão não é comumente usada por banhistas. “O local é apenas uma passagem de um pequeno braço de mar, e as pessoas não o utilizam para banho. Como houve uma maré muito grande, vamos analisar a situação esta semana para decidir que atitudes serão tomadas”, explica Sérgio Pitta.

Historiador Felipe Brito, alertando sobre a água – viva – Cassiopea andromeda, – Foto: Acervo pessoal

No entanto, moradores defendem a atuação de equipes de monitoramento ambiental e campanhas de orientação para a população. Felipe Brito, historiador, nativo de Itaparica, fez um vídeo e publicou nas redes sociais fazendo um apelo às autoridades, “a gente está com um problema muito sério aqui em Itaparica, que é a bioinvasão de algumas espécies, … essa medusa, é uma água viva de cabeça para baixo, ela está num estado muito grave de proliferação aqui na Praia do Sacatar. “ Alertou Felipe.

O que fazer em caso de queimadura?

Especialistas recomendam que, em caso de contato com águas-vivas, a área atingida seja lavada com vinagre e água do mar (nunca água doce), e que a pessoa evite coçar ou esfregar o local. Em casos mais graves, o atendimento médico deve ser procurado imediatamente.

A Ilha de Itaparica, conhecida por sua beleza natural e águas calmas, agora enfrenta um desafio inesperado. A chegada da Cassiopea andromeda serve como lembrete de que as mudanças ambientais estão cada vez mais próximas e perigosas.

Uma resposta

  1. A praia é frequentada por pescadores, há um pequeno Porto próximo ao Sacatar e logo após está a entrada do restaurante manguezal e outro pequeno porto de pescadores, na maré cheia as pessoas tomam banho na região, principalmente adolescentes que gostam de pular da ponte em frente ao Sacatar

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