A paratleta de natação pede apoio das iniciativas pública e privada para executar projeto esportivo.

Por Gilsimara Cardoso

Mônica Veloso, paratleta recordista mundial – Foto: Gilsimara Cardoso

A paratleta recordista, Mônica Veloso, pretende colocar em prática um projeto esportivo que irá envolver a comunidade de Vera Cruz, em 2025.

Uma ação em que, ela irá trazer crianças e jovens da comunidade para natação, com treinos profissionais, para montar equipe e participar de futuras competições.

A ilha de Itaparica é um celeiro para todos os esportes aquáticos e alguns não aquáticos, mas a gente precisa de políticas públicas sérias que realmente funcione. Podemos iniciar com a Vela, com a natação, com a corrida.

Por enquanto, o projeto ainda está no papel, requer o apoio dos setores público e privado, Mônica explica que para acontecer, é preciso: “agregar o esporte, todo mundo cresce, as empresas que apoiam o esporte têm dedução fiscal, a gente precisa dessa responsabilidade de fazer acontecer, não depende somente da minha vontade. ” Para Vera Cruz, assim como o turismo, o esporte e a acessibilidade geram renda, a economia cresce, a cidade se torna moderna e acessível para todos os turistas.

Inspiração, sucesso e liberdade

Mônica Veloso e Roney Silva, cadeira anfíbia – Foto: Gilsimara Cardoso

Chegar a praia para muitos moradores é uma tarefa fácil, mas para portadores de deficiência é algo quase impossível.

Mônica Veloso se adaptou as condições de inacessibilidade impostas pelo sistema brasileiro de infraestrutura.

Ela explica como faz para chegar a Enseada de Aratuba, no bairro onde mora, “ eu tenho uma cadeira anfíbia na casa do meu irmão, perto da praia, vou para lá, e ele me leva. Ir numa cadeira normal é muito difícil, você vai carregada, ou você vai numa cadeira balão, na cadeira de rodas comum, não tem jeito”.

Uma realidade enfrentada por pessoa com deficiência (PCD) que precisa transitar com liberdade de acesso, em Vera Cruz. Ajudar a PCD, não é carregá-la no colo em trajetos em que poderia ir sozinha. E sim, proporcionar a ela a liberdade que precisa para fazer o trajeto que desejar ir sozinha.

Mônica Veloso e Icaro Veloso (filho de Mônica) – Foto: Acervo pessoal de Mônica

Mônica coleciona medalhas, conquistadas por meio da natação: Na Europa, América do Norte, Ásia, América do Sul, todos esses locais deixaram de ser fronteiras a partir do dia em que a menina, Mônica Veloso, portadora de Poliomielite começou a nadar.

Aos 2 anos de idade a atleta foi diagnosticada com a Poliomielite, também conhecida como paralisia infantil ou pólio. A doença infecciosa é originária de um vírus que pode causar paralisia nos membros inferiores, insuficiência respiratória e no último estágio, a morte. 

Para Mônica nada disso a vitimou, mesmo enfrentando desafios com a evolução da doença e com o preconceito social, a atleta superou limites e alcançou objetivos.

Eu fui criada sem o vitimismo, que é uma coisa que eu abomino, fui criada para não deixar ninguém me colocar para baixo, sofri bulling, sofri sim. Sofri o capacitismo, palavra nova para muita gente, que é o preconceito contra os portadores de deficiência, o capacitismo você tem que saber gerenciar”.

Mônica Veloso paratleta de natação – Foto: Acervo pessoal de Mônica

Para vencer o capacitismo a atleta demonstra com vivência a independência que possui quando entra no mar. Mônica já realizou três travessias de Mar Grande a Salvador, foi a primeira paratleta a completar esse trajeto. A cada maratona ela supera o tempo e os limites do próprio corpo. “ Eu fiz a primeira travessia Mar Grande, em 1999, com 3h40m nas condições de tempo terríveis, com relâmpagos, chovia demais, teve uma hora que eu não sabia onde era Mar Grande, onde era Salvador. Demorei 40 min para achar meu barco guia. A segunda vez, fiz em 3h10m, 14 anos depois, sem fazer o treinamento específico, eu fiz em 2h50, eu mesma não acreditei que eu já estava enxergando o telhado do Mercado Modelo.

Paratleta de natação, Mônica Veloso na maratona de travessia Mar Grande a Salvador – Foto: Acervo pessoal de Mônica

Essa superação diária faz de Mônica uma agente social, que inspira outras pessoas com deficiência, e motiva toda a família dela a praticar esporte. Roney Silva, irmão de Mônica emocionado fala sobre o orgulho que sente por ela, “meu pai Quando ela tinha 6 anos por causa da pólio, botou todo mundo para nadar. A relação com a água na nossa família é muito forte, … eu tenho uma irmã que a pólio não é um problema para ela, vai virar um peixe qualquer dia desses, é um orgulho!

Vídeo produzido pela jornalista Gilsimara Cardoso

Poliomielite entenda:

O último caso de pólio registrado aqui no Brasil foi em 2021. A bióloga, dra. em recursos genéticos vegetais, Mariana Santos, explica que a doença requer ainda preocupações, principalmente nas localidades turísticas, porque existem países em que a população não foi vacinada.  “A pólio estava erradica do país. Mas recentemente surgiram casos no Brasil após período de mais de 30 anos sem nenhum registro. Nossa campanha de vacinação é muito eficiente, porém com os movimentos anti-vacinas e pelo fato de outros países não terem programa de combate a Poliomielite, o vírus voltou a causar preocupação. O Brasil é um país que recebe muitos turistas, os quais residem em países onde a vacinação não têm calendários eficientes como o nosso. Acaba que o vírus chega até o Brasil, e pode acometer crianças com vacinas atrasadas ou ausentes. Mas os índices de Pólio, atualmente, são nulos. Com excessão de um caso registrado recentemente. ”

3 Responses

  1. Você é simplesmente uma inspiração de vida em todos os sentidos. Uma guerreira, lutadora e principalmente VENCEDORA, como Stela, mãe, filha, irmã, esposa e amiga. Tem e sempre terá meu apoio e torcida 🙏 🙏🙏🙏🙏🙏🙏🙏🙏😸🤩😃😊😻

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